Medidas visam retirar barreiras regulatórias
A Casa Branca divulgou nesta quarta-feira (23) um conjunto de ações para impulsionar a inteligência artificial nos Estados Unidos. O Plano de Ação para a IA prevê a remoção de regras consideradas burocráticas e a criação de condições favoráveis à construção de data centers, infraestrutura essencial para tecnologias de alto processamento.
Segundo o documento, empresas poderão desenvolver sistemas de IA sem supervisão formal, desde que mantenham os modelos livres de viés ideológico. A proposta coloca a objetividade como critério para obter contratos federais, transferindo ao setor privado parte da responsabilidade pela autorregulação.
Uma agência governamental será designada para revisar diretrizes sobre desenvolvimento de IA. Essa estrutura deverá retirar referências a diversidade, equidade, inclusão, mudanças climáticas e outros temas classificados como “desinformação”.
Ameaça de corte de verbas a estados com legislação rígida
O plano destaca que estados que impuserem normas ambientais ou de privacidade consideradas restritivas podem perder financiamento federal ligado à IA. A Comissão Federal de Comunicações (FCC) foi orientada a analisar se leis estaduais conflitam com sua autoridade sobre redes de telecomunicações.
O governo também abrirá uma consulta pública para identificar regras que, na avaliação de empresas e cidadãos, freiam a inovação. Com base nessas contribuições, agências federais deverão adotar “ações apropriadas” para estimular pesquisa, testes e implementação comercial.
Além de flexibilizar regulações ambientais na construção de instalações computacionais, o texto propõe programas de capacitação para trabalhadores de data centers. O objetivo é adequar a força de trabalho à demanda por especialistas em manutenção e operação de infraestrutura de alta performance.
Exportação e domínio tecnológico como prioridades
A administração Trump pretende usar o poder federal para promover a exportação de ferramentas norte-americanas de IA. Agências de comércio exterior serão convocadas a apoiar a indústria na oferta de “pacotes tecnológicos” a outros países, estratégia que também busca conter a influência chinesa no setor.
De acordo com o documento, conquistar e manter “dominância tecnológica global” é questão de segurança nacional. O Departamento de Defesa e outros órgãos deverão ampliar o emprego de sistemas de IA em operações internas, enquanto estudos avaliarão impactos na força de trabalho mais ampla.
O texto também enfatiza a proteção à liberdade de expressão. O governo sustenta que algumas plataformas digitais favorecem perspectivas políticas de esquerda e afirma que novas regras garantirão neutralidade nas respostas dos algoritmos.
Três ordens executivas complementam o plano
Autoridades informaram que Trump assinará ainda hoje três ordens executivas relacionadas ao tema. A primeira deverá retaliar modelos de IA classificados como “woke”, em referência a suposto viés liberal embutido em chatbots e assistentes virtuais.
A segunda ordem facilitará a construção de data centers, ampliando oferta de capacidade computacional requerida por grandes modelos de linguagem e outros algoritmos avançados. Já a terceira utilizará a agência de financiamento ao desenvolvimento dos EUA para incentivar exportações de tecnologia.
Essas medidas se somam à estratégia geral de reduzir entraves internos e expandir a presença de empresas norte-americanas em mercados externos. A Casa Branca afirma que, sem ações rápidas, concorrentes globais podem assumir liderança crucial na próxima geração de inovações.
Trump deve apresentar seu primeiro discurso dedicado ao tema ainda nesta quarta-feira, detalhando as etapas de implementação. O governo não forneceu cronograma, mas indicou que as ações terão início imediato após a assinatura dos documentos oficiais.
O plano menciona ainda parcerias público-privadas para pesquisa, incentivos fiscais à aquisição de hardware especializado e avaliação contínua de políticas de imigração voltadas a profissionais altamente qualificados em ciência de dados e aprendizado de máquina.
Por fim, o documento prevê relatórios periódicos sobre progresso regulatório, infraestrutura instalada e competitividade internacional. Esses balanços serão usados para ajustar prioridades e garantir, segundo o governo, que os Estados Unidos permaneçam na vanguarda da inteligência artificial.