A Volkswagen registrou impacto de €1,3 bilhão em razão das tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos, segundo o balanço do segundo trimestre de 2025, divulgado nesta sexta-feira (25). A cobrança elevou custos e contribuiu para a queda de 29% no lucro operacional da montadora.
No período de abril a junho, o lucro operacional somou €3,83 bilhões, ante €5,4 bilhões em igual intervalo de 2024. O resultado ficou aquém da estimativa média de analistas, que projetavam €3,94 bilhões. A retração reflete, além das tarifas, despesas de reestruturação de €700 milhões.
Impacto direto das tarifas
As medidas comerciais do governo Donald Trump, vigentes desde o início do ano, impõem alíquota de 25% sobre automóveis europeus vendidos nos EUA. Para a Volkswagen, o efeito isolado foi calculado em €1,3 bilhão, ou R$ 8,4 bilhões na cotação atual.
Somados à reestruturação, os custos extraordinários chegaram a €2 bilhões no trimestre, informou o diretor financeiro Arno Antlitz. O executivo afirmou que a empresa trabalha com a premissa de manutenção de tarifas de 27,5% no segundo semestre, embora reconheça elevada incerteza sobre a política comercial norte-americana.
Trump ameaçou elevar as alíquotas para 30% a partir de 1.º de agosto, movimento que ampliaria a pressão sobre margens das montadoras europeias. O setor, altamente globalizado, depende de cadeias de suprimento integradas e é sensível a barreiras tarifárias.
Desempenho comercial
Entre abril e junho, a Volkswagen vendeu 80,8 milhões de veículos, queda de 3% em relação ao mesmo trimestre do ano passado. A entrada de pedidos na Europa Ocidental, porém, cresceu 19% nos seis primeiros meses do ano, sinalizando demanda firme no mercado interno.
A companhia prevê taxa de investimento anual entre 12% e 13% na divisão automotiva. Os recursos contemplam projetos de eletrificação e digitalização, considerados estratégicos para enfrentar a concorrência de fabricantes chineses, que avançam no mercado europeu.
Revisão das projeções para 2025
Diante do cenário adverso, a Volkswagen reduziu a projeção de margem operacional de vendas para 2025. O intervalo agora esperado é de 4% a 5%, abaixo dos 5,5% a 6,5% estimados anteriormente. A empresa também passou a prever estabilidade nas vendas anuais, em vez do crescimento de até 5% divulgado no início do ano.
Segundo o balanço, o ajuste de expectativas considera a continuidade das tarifas dos EUA, a competição acirrada com marcas asiáticas e a necessidade de realocar recursos para programas de reestruturação. A companhia não divulgou detalhes sobre eventuais cortes de custos adicionais.
O desempenho mais fraco do semestre reforça os desafios enfrentados por montadoras europeias em um ambiente de desaceleração econômica e incertezas regulatórias. A adoção de tarifas punitivas eleva o preço final dos veículos exportados e reduz a competitividade nos principais mercados consumidores.
No fechamento do trimestre, a Volkswagen manteve caixa robusto e reforçou que seus programas de investimento permanecem inalterados. Contudo, a administração seguirá avaliando cenários alternativos caso haja nova escalada tarifária a partir de agosto.
A divulgação dos resultados trimestrais encerra a temporada de balanços do setor na Europa e indica tendência de revisão de metas entre competidores expostos aos Estados Unidos. A Volkswagen continuará monitorando os desdobramentos das negociações comerciais para ajustar produção, preços e mix de produtos.