Projeção de domínio no setor de inteligência artificial
Um relatório produzido pelo JPMorgan estima que a OpenAI pode assumir a liderança de um mercado global de inteligência artificial avaliado em mais de US$ 700 bilhões até 2030. A análise é assinada pelas especialistas Brenda Duverce e Lula Sheena e representa a primeira cobertura do banco dedicada a uma empresa de capital fechado.
O interesse inédito do JPMorgan em uma companhia sem ações na bolsa reforça a presença crescente da desenvolvedora do ChatGPT no cenário tecnológico mundial. Segundo o documento, a empresa demonstra vantagem inicial considerável sobre concorrentes, embora a manutenção desse espaço ainda dependa de fatores operacionais e financeiros.
Base de usuários e caminhos para monetização
Com mais de 500 milhões de usuários ativos semanalmente, a OpenAI dispõe de um público que pode ser convertido em múltiplas frentes de receita. O estudo cita a venda de assinaturas, a oferta de agentes de IA, serviços de publicidade direcionada e a exploração de parcerias corporativas como fontes prováveis de faturamento.
Outra possibilidade destacada envolve a entrada no segmento de hardware. A companhia teria condições de avançar nesse terreno após a aquisição, por US$ 6,5 bilhões, da startup de design fundada por Jony Ive, ex-Apple. O banco avalia que equipamentos dedicados podem ampliar o ecossistema e fidelizar usuários.
Expansão internacional e ganho de mercado
O documento observa que, no mercado indiano, a OpenAI já apresenta ritmo de crescimento superior ao do Google em produtos de inteligência artificial. Essa performance reforça o potencial de expansão em regiões com alta demanda por soluções de baixo custo e acesso rápido a modelos linguísticos avançados.
Segundo o JPMorgan, consolidar essa vantagem em países emergentes será crucial para que a companhia alcance a projeção de liderança global. O banco lembra que a penetração de internet em alta e a adoção acelerada de smartphones criam terreno fértil para serviços baseados em IA generativa.
Desafios financeiros e disputa por talentos
Apesar do cenário favorável, o relatório alerta para um consumo de caixa que pode chegar a US$ 46 bilhões nos próximos quatro anos. A estimativa inclui investimentos em data centers, treinamento de modelos de larga escala e contratação de especialistas, despesas consideradas essenciais para sustentar a vantagem competitiva.
A rentabilidade da OpenAI, segundo a análise, só deve aparecer de forma consistente a partir de 2029. Até lá, a organização dependerá de rodadas de capital ou alianças estratégicas para financiar operações, o que pode aumentar a pressão de investidores por resultados de curto prazo.
A concorrência por profissionais qualificados surge como outro ponto de atenção. O JPMorgan observa que a empresa já perdeu engenheiros e pesquisadores para rivais como a Meta, movimento que eleva custos salariais e desafia a retenção de conhecimento crítico.
O banco também questiona a sustentabilidade da liderança técnica. Hoje, a diferença entre modelos de linguagem de grandes fornecedores é considerada pequena e, na avaliação dos analistas, rivais com recursos equivalentes podem encurtar rapidamente qualquer distância existente.
Além disso, a crescente disponibilidade de chips, infraestrutura em nuvem e bibliotecas de código aberto facilita a entrada de novos competidores dispostos a replicar produtos similares. Esse cenário reduz o fosso tecnológico e pressiona a OpenAI a inovar em ritmo constante.
Por fim, o estudo ressalta que tanto a OpenAI quanto o próprio JPMorgan optaram por não comentar publicamente as conclusões apresentadas. A ausência de manifestação mantém abertas questões sobre estratégia de longo prazo, cronograma de rentabilidade e planos de expansão territorial.
Mesmo diante das incertezas, o banco sustenta que a empresa controlada por Sam Altman possui as condições mais sólidas para capturar a maior fatia do crescimento previsto na inteligência artificial até o final da década.