Jeff Bezos, fundador da Amazon e proprietário do Washington Post, estuda comprar a emissora de notícias CNBC, segundo informações apuradas pelo New York Post. A possibilidade surge pouco antes da separação da CNBC do grupo Comcast, prevista para ocorrer ainda este ano.
O bilionário de 61 anos acompanha a criação da Versant, nova companhia de capital aberto que reunirá canais a cabo em dificuldades, entre eles CNBC, MSNBC, E! e USA Network. Após a cisão, esses ativos passarão a operar de forma independente da NBCUniversal.
Interesse estratégico
Fontes próximas afirmam que a CNBC se encaixa nos planos de Bezos por oferecer reputação consolidada e cobertura considerada neutra no mercado financeiro. Tal perfil seria visto como complementar ao portfólio de mídia que ele já possui, hoje limitado ao Washington Post.
A emissora de TV por assinatura tem longa tradição em jornalismo econômico e público voltado a investidores, o que pode ampliar a influência de Bezos no noticiário de negócios e tecnologia. O interesse também ocorre num momento de turbulência no diário de Washington.
Contexto no Washington Post
Desde 2023, o jornal registra perdas financeiras, queda acentuada de assinaturas digitais e a saída de profissionais de destaque. Internamente, a direção busca reposicionar a linha editorial com abordagem mais centrista e pró-mercado, estratégia que nem todo o corpo de redação apoia.
Para analistas do setor, a compra da CNBC poderia fornecer uma plataforma de audiência diferente e reduzir a pressão sobre o Post, diversificando receitas e fortalecendo a marca Bezos no ambiente de mídia norte-americano.
Negociação ainda não iniciada
Apesar do interesse, não houve contato formal entre Bezos, Comcast ou Versant. Pessoas familiarizadas com o processo relatam que possíveis conversas devem ocorrer apenas após a conclusão da cisão, etapa prevista para o segundo semestre.
A legislação fiscal norte-americana impõe restrições à venda da CNBC nos primeiros dois anos depois da separação. Qualquer transação nesse período geraria encargos tributários elevados para os acionistas da futura Versant, o que funciona como barreira inicial.
Expansão do portfólio
Rumores de mercado indicam que o executivo também avalia a compra da revista Vogue ou até da editora Condé Nast. Embora não haja confirmação oficial, tais movimentos sugerem interesse crescente em veículos com alcance global e forte apelo de marca.
Bezos já ingressou no setor espacial com a Blue Origin e no entretenimento via Amazon Prime Video. Ao investir em mídia tradicional, amplia presença em um segmento que continua influente na formação de opinião e na cobertura de políticas públicas.
Próximos passos e cenário competitivo
Se avançar, a aquisição da CNBC poderá ocorrer apenas depois que o canal se ajustar à nova estrutura societária. A Versant permanecerá focada em ativos de TV a cabo, um segmento que enfrenta queda de assinaturas, competição de streaming e pressão por receitas de publicidade.
Outros interessados podem surgir, mas, até o momento, não há indicações públicas de propostas alternativas. A eventual entrada de Bezos tende a ser analisada pela autoridade reguladora de comunicações dos Estados Unidos, como ocorre em transações de grande porte.
No curto prazo, a expectativa do mercado gira em torno do cronograma de separação da Comcast e dos detalhes que a Versant apresentará aos investidores. Só depois disso será possível medir a viabilidade financeira de uma venda e a disposição de Bezos em formalizar oferta.
Ainda que o processo permaneça incerto, a movimentação reforça o padrão recente de bilionários adquirindo veículos de comunicação consagrados. O desfecho dependerá de condições tributárias, alinhamento estratégico entre as partes e avaliação de risco diante do atual cenário de mídia.