Com a chegada do inverno, o desconforto em entrar debaixo do chuveiro leva parte da população a pular banhos. Dermatologistas, porém, afirmam que permanecer mais de três dias sem higiene corporal favorece infecções e irritações cutâneas.
A recomendação geral, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), continua sendo o banho diário, mesmo quando a produção de suor diminui. A entidade considera o hábito um fator decisivo para preservar a saúde da pele.
Impacto da redução dos banhos na pele
O corpo humano abriga uma flora de micro-organismos que se mantém equilibrada através da limpeza regular. Quando a higienização é negligenciada, esse equilíbrio se rompe, abrindo espaço para a proliferação de fungos e bactérias.
Ainda que a transpiração seja menor no frio, as glândulas sebáceas seguem produzindo óleo que se mistura a células mortas. O acúmulo desses resíduos propicia mau odor, micoses e processos inflamatórios.
Especialistas alertam que a exposição contínua a poluentes ambientais também agrava o quadro. Hidrocarbonetos presentes no ar aderem à superfície cutânea, aceleram o envelhecimento e podem desencadear dermatites.
Ficar vários dias sem banho amplia o risco de coceira, vermelhidão e agravamento de doenças pré-existentes, como psoríase. Quem trabalha fora ou utiliza transporte público está mais suscetível devido ao contato diário com agentes contaminantes.
Recomendações da Sociedade Brasileira de Dermatologia
Para orientar a população, a SBD elaborou o “Guia do Banho”, que compila estudos recentes sobre cuidados com a pele. O documento reafirma que a higiene corporal não compromete a barreira protetora natural quando realizada de forma adequada.
Segundo o guia, sabonetes com pH próximo a 5 respeitam o valor fisiológico da pele e devem ser preferidos. Produtos muito alcalinos podem alterar a microbiota e facilitar infecções.
O banho ideal dura de cinco a dez minutos e utiliza água fria ou morna. A prática diária ajuda a remover impurezas sem eliminar totalmente o sebo necessário à hidratação natural.
Temperatura da água faz diferença
Banhos prolongados e muito quentes dilatam os poros, removem lipídios essenciais e deixam a epiderme ressecada. No inverno, isso se traduz em descamação, sensação de repuxamento e aumento da sensibilidade.
Quando for impossível evitar a água quente, a SBD recomenda aplicar hidratante logo após sair do chuveiro, de preferência ainda no ambiente úmido do banheiro. Essa estratégia melhora a absorção do produto e recompõe a camada lipídica.
Pessoas fisicamente ativas, que se exercitam com regularidade, devem reforçar a higiene após treinos. Suor, equipamentos compartilhados e roupas justas criam condições favoráveis ao desenvolvimento de fungos.
Da mesma forma, profissionais que permanecem longos períodos em ambientes externos ou expostos à poluição urbana necessitam de banho diário para remover partículas tóxicas que se fixam na pele.
Além de manter a pele saudável, o banho regular favorece a sensação de bem-estar mental. Embora o relaxamento pós-ducha não seja prioridade clínica, estudos apontam melhora na qualidade do sono e redução de estresse após o ritual.
A quantidade de banhos pode variar de acordo com fatores climáticos, culturais ou escassez de água. Mesmo assim, a SBD reitera que intervalos superiores a 48 horas entre duchas elevam o risco de problemas dermatológicos.
Para resumir, a evidência científica indica que pular o banho esporadicamente não causa dano significativo, mas permanecer três dias ou mais sem higienização favorece odores, infecções e agravamento de doenças cutâneas. A rotina diária, com água morna e sabonete apropriado, continua sendo a melhor estratégia de prevenção.