A lâmpada elétrica transformou hábitos domésticos, processos industriais e paisagens urbanas ao oferecer uma fonte de luz controlável, segura e disponível em larga escala. A trajetória dessa tecnologia começa no início do século XIX e segue até os atuais modelos de LED conectados à internet, percorrendo sucessivos aperfeiçoamentos de materiais, eficiência e distribuição de energia.
Experimentos iniciais e a lâmpada incandescente
Em 1809, Humphry Davy demonstrou o arco luminoso criado ao ligar uma tira de carbono entre os polos de uma bateria, estabelecendo a base da lâmpada de arco voltaico. Nas décadas seguintes, pesquisadores como Warren de la Rue e Joseph Swan testaram filamentos de platina e carbono dentro de bulbos de vidro sob vácuo, mas ainda com vida útil limitada.
A virada ocorreu em 21 de outubro de 1879, quando Thomas Alva Edison manteve acesa por 45 horas uma lâmpada com filamento de algodão carbonizado. No ano seguinte, ele registrou patente e montou a Edison Electric Light Company, combinando o produto e a infraestrutura de fornecimento contínuo de eletricidade.
No Brasil, o imperador Dom Pedro II encomendou em 1879 a iluminação da Estação Central da Estrada de Ferro Dom Pedro II, atual Central do Brasil, usando lâmpadas de arco. A primeira fábrica nacional de lâmpadas surgiria apenas em 1921, operada pela General Electric no Rio de Janeiro.
Expansão comercial e a Guerra das Correntes
Edison apresentou publicamente sua lâmpada em Londres em 1881, já com filamento de bambu que alcançava cerca de 1 200 horas de uso. Em 1882, inaugurou em Nova York a primeira estação geradora dedicada à iluminação pública; seis dínamos a vapor, chamados “Jumbo”, alimentavam 1 200 lâmpadas em Wall Street.
Enquanto isso, Nikola Tesla defendia a corrente alternada, mais eficiente para longas distâncias, em oposição à corrente contínua de Edison. A disputa, conhecida como Guerra das Correntes, envolveu o empresário George Westinghouse, que, em 1892, venceu a licitação para iluminar a Feira Mundial de Chicago. Esse sucesso levou à construção da usina hidroelétrica nas Cataratas do Niágara, consolidando o uso da corrente alternada na distribuição doméstica.
Consolidação e novas patentes
Inventores menos lembrados também contribuíram. Em 1882, Lewis Latimer desenvolveu um filamento de carbono protegido por papelão, aumentando a durabilidade e reduzindo custos. Em 1892, a fusão da empresa de Edison com a Thomson-Houston originou a General Electric, que dominaria o setor por décadas.
Outra curiosidade é a lâmpada de Chaillet, vendida pela Shelby Electric Company em 1897. Um exemplar, instalado em 1901 no quartel dos bombeiros de Livermore (Califórnia), permanece aceso há mais de 120 anos, alimentando debates sobre obsolescência programada. Documentos indicam que, em 1924, fabricantes formaram um cartel para padronizar e limitar a vida útil das lâmpadas, acordo que durou cerca de duas décadas.

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Do neon ao LED inteligente
O século XX trouxe diversificação de formatos. Em 1902, Georges Claude criou a lâmpada neon ao aplicar descargas elétricas em gases nobres. A GE patenteou em 1906 o filamento de tungstênio, hoje símbolo das lâmpadas incandescentes clássicas. Já em 1938, surgiram os tubos fluorescentes, mais econômicos porém com mercúrio na composição.
A década de 1960 apresentou opções específicas: lâmpada halógena em 1955, vapor de sódio em 1962 e o primeiro diodo emissor de luz (LED) vermelho em 1963, trabalho de Nick Holonyac. O avanço decisivo veio em 1994, quando Shuji Nakamura, Isamu Akasaki e Hiroshi Amano, na japonesa Nichia, obtiveram o LED azul e, em seguida, o LED branco, recebendo o Nobel de Física em 2014.
Com os LEDs aptos a iluminar ambientes inteiros por volta de 1999, governos passaram a substituir lâmpadas fluorescentes e halógenas. O Brasil prevê retirar modelos fluorescentes do mercado até o fim de 2025, priorizando LEDs livres de metais pesados.
Em 2012, a Philips Lighting (hoje Signify) lançou o sistema Hue, kit com três lâmpadas controladas por aplicativo, marcando o início comercial da iluminação inteligente. Desde então, o setor integra comandos por voz, sensores e automação residencial, combinando eficiência energética e personalização.
Da tira de carbono de 1809 aos dispositivos conectados, a história da lâmpada elétrica ilustra como sucessivos aprimoramentos técnicos e modelos de negócio moldaram a forma como a sociedade produz, distribui e utiliza a luz artificial.