A China Mobile realizou um experimento com rede 6G em pequena escala e registrou velocidade de download de 280 Gbps, suficiente para transferir um arquivo de 50 GB em aproximadamente 1,4 segundo. O teste reforça a liderança chinesa no desenvolvimento da próxima geração de comunicação móvel.
Teste da China Mobile
O ensaio ocorreu em 10 locais equipados pela operadora, constituindo a primeira rede 6G de caráter experimental instalada no mundo. Mesmo limitada a pontos específicos, a infraestrutura já superou em quase 14 vezes o limite teórico do 5G, segundo dados divulgados pela companhia.
Durante a demonstração, engenheiros mediram a taxa de 280 Gbps de forma sustentada. Esse desempenho permitiria baixar um filme em resolução 4K a cada dois segundos, comparar-se às conexões Wi-Fi mais velozes e atender aplicações que exigem alta largura de banda e latência mínima.
A empresa informou que o objetivo imediato é validar a estabilidade da rede, testar a convivência com o 5G e comprovar a eficiência energética dos novos equipamentos antes de ampliar a cobertura.
Investimentos e infraestrutura no país asiático
Só em 2025, a China Mobile destinou 39,1 bilhões de yuans – pouco mais de R$ 30 bilhões – às iniciativas relacionadas ao 6G. A operadora mantém também uma das maiores malhas 5G globais, com mais de 2,4 milhões de estações rádio-base e cobertura superior a 90 % do território chinês.
Em 2024, a companhia lançou o primeiro satélite 6G do mundo, que opera a cerca de 500 km de altitude. A baixa órbita reduz a latência e amplia o alcance da futura rede, servindo como plataforma de testes para transmissão de dados em velocidade muito elevada.
Combinada à infraestrutura terrestre, a constelação espacial deverá garantir conexão estável em áreas remotas, apoiar serviços de telemedicina, veículos autônomos e Internet das Coisas de larga escala.
Perspectivas globais para o 6G
A expectativa do setor é que as primeiras redes comerciais de sexta geração entrem em operação por volta de 2030. No entanto, a aceleração dos testes na China, Estados Unidos e Japão pode antecipar esse calendário em alguns mercados.
Pesquisadores japoneses registraram recentemente velocidades próximas a 1 Tbps, enquanto laboratórios norte-americanos avaliam frequências milimétricas e técnicas de multiplexação avançada para atingir patamares semelhantes. Os resultados confirmam que o 6G deverá entregar desempenho muito acima do 5G, oferecendo suporte a aplicações de realidade estendida, automação industrial avançada e comunicações holográficas.
No Brasil, a Agência Nacional de Telecomunicações programou a consulta pública das faixas destinadas ao 6G para este ano e planeja leiloar as licenças em 2026. A disponibilidade de espectro antecede o desenvolvimento de equipamentos nacionais e a adaptação das redes existentes.
Entre os benefícios previstos estão maior capacidade de conexão simultânea, redução de quedas de sinal em eventos de grande público e aprimoramento de plataformas de streaming. Além disso, espera-se que a tecnologia impulsione a integração entre dispositivos inteligentes em cidades, setores de saúde e agronegócio.
Analistas destacam que a transição exigirá investimentos significativos em infraestrutura de fibra óptica, data centers de borda e sistemas de gerenciamento de energia, além de regulamentação alinhada às exigências de segurança e privacidade.
Enquanto os padrões finais ainda são definidos por organismos internacionais, demonstrações como a da China Mobile indicam que o 6G está se aproximando de um estágio de maturidade técnica capaz de sustentar serviços de massa. A próxima fase do projeto chinês envolve ampliar a rede de teste, avaliar interferências em ambientes urbanos densos e preparar dispositivos compatíveis.