Washington (DC) — A diretora-presidente da AMD, Lisa Su, afirmou que os processadores fabricados na nova unidade da Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) no Arizona devem custar de 5% a 20% mais do que os produzidos em Taiwan.
O comentário foi feito durante evento com líderes da indústria de inteligência artificial, autoridades governamentais e imprensa na capital norte-americana, onde Su defendeu o prêmio de preço como compensação “necessária” para ampliar e diversificar a cadeia global de suprimentos.
Diferença de custos entre Arizona e Taiwan
Segundo a executiva, a discrepância deriva principalmente de salários mais altos, despesas de construção e requisitos regulatórios locais. Mesmo com incentivos previstos pelo CHIPS and Science Act, o investimento adicional não seria totalmente neutralizado.
O percentual citado por Su não inclui detalhes sobre nós de litografia, volume de produção ou pacotes salariais, fatores que costumam alterar significativamente a conta final em operações de semicondutores.
Apesar do aumento, a AMD considera estratégico reduzir a dependência de fábricas asiáticas. A concentração em poucos pontos do planeta é vista pela companhia como risco logístico e geopolítico.
Expansão da produção doméstica de semicondutores
A planta TSMC Arizona Fabs faz parte do esforço dos Estados Unidos para fortalecer a manufatura local, iniciativa que soma bilhões de dólares em subsídios e benefícios fiscais. A unidade já iniciou entregas limitadas, mas a conclusão total das obras está programada para 2026.
Além do Arizona, projetos semelhantes avançam em Nova York, Texas, Idaho e Ohio, conduzidos por empresas como Intel, Samsung e Micron. O objetivo do governo é criar um ecossistema capaz de suprir demanda interna e reduzir vulnerabilidades externas.
O CHIPS Act prevê até US$ 52 bilhões em incentivos federais, distribuídos entre construção de fábricas, pesquisa e desenvolvimento e formação de mão de obra. Autoridades defendem que o programa aumentará a competitividade nacional no longo prazo.
Disputa por incentivos e mercado de IA
No mesmo evento, a AMD buscou apoio político para flexibilizar restrições de exportação e garantir abatimentos fiscais. Representantes da empresa estiveram com legisladores e com o ex-presidente Donald Trump, presente no fórum Hill and Valley.
O diálogo ocorre em meio à concorrência direta com a Nvidia, líder no fornecimento de aceleradores para inteligência artificial. Ambas as companhias pressionam por condições que favoreçam suas operações diante da escalada de demanda do setor.
A AMD já amplia sua linha de produtos voltados a IA, mas ainda fica atrás da Nvidia em participação de mercado. A diretoria aposta que a fabricação doméstica pode atrair clientes interessados em cadeias de suprimento mais curtas e previsíveis.
A complexidade na produção de CPUs e GPUs, que exige anos de pesquisa, testes e investimento intensivo, torna as estimativas de custo voláteis. Para analistas, o intervalo de 5% a 20% citado por Su funcionará como referência inicial, sujeita a ajustes quando o volume de produção atingir plena capacidade.
Enquanto isso, a TSMC prossegue com a instalação de equipamentos avançados no Arizona, incluindo máquinas de litografia extrema (EUV) para processos abaixo de 5 nanômetros. A expectativa oficial é de que esses sistemas comecem a operar até o fim de 2025.
Com o avanço das obras e a chegada de outros fabricantes, o governo norte-americano espera reduzir a participação asiática no fornecimento mundial de semicondutores de 80% para patamar mais equilibrado na próxima década.
A definição de preços finais para consumidores dependerá, além dos custos fabris, de fatores como volume de vendas, contratos de fornecimento e variações cambiais. Até que a planta do Arizona atinja ritmo máximo, a AMD seguirá produzindo a maior parte de seus chips em Taiwan e em outras instalações da TSMC.