Como a fotografia forense pode documentar e preservar a cena do crime e as evidências encontradas nela, auxiliando na análise e na interpretação dos fatos, bem como na elaboração de um laudo pericial que possa ser usado em um processo judicial.
A fotografia é uma forma de arte, mas também uma ferramenta científica. Ela pode capturar momentos, emoções, paisagens, mas também dados, provas, indícios. A fotografia forense é um ramo especializado da fotografia que tem como objetivo registrar e conservar a cena do crime e as evidências nela encontradas, de forma a auxiliar na investigação, na análise e na interpretação dos fatos, bem como na elaboração de um laudo pericial que possa ser usado em um processo judicial.
A fotografia forense é diferente da fotografia comum, pois ela não visa apenas a estética, mas sim a fidelidade, a precisão e a confiabilidade das imagens. Ela deve seguir uma série de regras e procedimentos que garantam a integridade e a autenticidade das fotografias, de forma que elas possam ser consideradas como provas válidas e confiáveis em um tribunal.
A fotografia forense é uma ferramenta essencial para a perícia, pois ela pode documentar e preservar a cena do crime e as evidências nela encontradas, que podem se deteriorar, se alterar ou se perder com o tempo, com a ação de agentes externos ou com a manipulação inadequada. Além disso, a fotografia forense pode auxiliar na análise e na interpretação dos fatos, pois ela pode revelar detalhes, relações, padrões, marcas, impressões, traços, que podem ser invisíveis ou imperceptíveis a olho nu, ou que podem exigir uma observação mais minuciosa e cuidadosa.
A fotografia forense também pode facilitar a elaboração de um laudo pericial, pois ela pode ilustrar e complementar as informações e as conclusões obtidas pela perícia, de forma a tornar o laudo mais claro, compreensível e convincente. Além disso, a fotografia forense pode servir como um meio de comunicação entre os peritos e os demais envolvidos no processo judicial, como juízes, promotores, advogados, testemunhas, etc., pois ela pode transmitir as informações e as evidências de forma visual e objetiva, sem depender de interpretações ou opiniões subjetivas.
Neste post, vamos abordar os principais aspectos da fotografia forense, como o equipamento, a iluminação, a técnica, o armazenamento e a impressão, e como eles podem influenciar na qualidade e na eficácia das imagens produzidas.
Equipamento
O equipamento é um dos fatores mais importantes para a realização de uma boa fotografia forense, pois ele pode determinar a qualidade e a fidelidade das imagens capturadas. O equipamento deve ser adequado ao tipo e ao objetivo da fotografia forense, e deve estar em boas condições de uso e de manutenção.
O equipamento básico para a fotografia forense é composto por:
- Câmera: A câmera é o dispositivo que capta e registra as imagens. Ela deve ser preferencialmente digital, pois ela permite uma maior facilidade e rapidez na visualização, na transferência e no armazenamento das imagens, além de possibilitar a manipulação e a edição das imagens, se necessário. A câmera deve ter uma boa resolução, que é medida em megapixels, e que indica a quantidade de detalhes que a imagem pode conter. A câmera também deve ter um bom zoom, que é a capacidade de aproximar ou afastar a imagem, sem perder a qualidade.
- A câmera deve ter ainda um bom controle de exposição, que é a quantidade de luz que entra na câmera, e que pode afetar a claridade e o contraste da imagem. A câmera deve ter também um bom controle de foco, que é a nitidez e a definição da imagem. A câmera deve ter ainda um bom controle de balanço de branco, que é a correção das cores da imagem, de acordo com a temperatura da luz. A câmera deve ter também um bom controle de ISO, que é a sensibilidade da câmera à luz, e que pode afetar o ruído e a granulação da imagem.
- Deve ter ainda um bom controle de modos de disparo, que são as opções de captura da imagem, como automático, manual, prioridade de abertura, prioridade de velocidade, etc. A câmera deve ter também um bom controle de formatos de arquivo, que são as formas de armazenar a imagem, como JPEG, TIFF, RAW, etc.
- Lente: A lente é a parte da câmera que direciona e focaliza a luz que entra na câmera, formando a imagem. A lente deve ser adequada ao tipo e ao objetivo da fotografia forense, e deve estar limpa e sem riscos ou danos. A lente pode ser fixa ou intercambiável, dependendo da câmera.
- A lente pode ter diferentes características, como distância focal, que é a distância entre a lente e o sensor da câmera, e que determina o ângulo de visão e a ampliação da imagem; abertura, que é o tamanho da abertura da lente, e que determina a quantidade de luz que entra na câmera, e que é medida em números f, como f/2.8, f/4, f/8, etc.; profundidade de campo, que é a faixa de distância em que os objetos estão em foco, e que depende da distância focal e da abertura da lente; e distorção, que é a alteração da forma ou da proporção dos objetos na imagem, e que pode ser causada pela curvatura da lente.
- As lentes podem ser classificadas em diferentes tipos, como normal, que tem uma distância focal próxima à do olho humano, e que produz uma imagem natural e sem distorção; grande angular, que tem uma distância focal menor que a normal, e que produz uma imagem ampliada e com distorção nas bordas; teleobjetiva, que tem uma distância focal maior que a normal, e que produz uma imagem reduzida e sem distorção nas bordas; macro, que tem uma distância focal pequena e uma abertura grande, e que produz uma imagem ampliada e com profundidade de campo reduzida, ideal para fotografar objetos pequenos e detalhes; e zoom, que tem uma distância focal variável, e que permite aproximar ou afastar a imagem, sem mudar a lente.
- Tripé: O tripé é o suporte que sustenta e estabiliza a câmera, evitando tremores e movimentos indesejados que possam comprometer a qualidade e a precisão da imagem. O tripé deve ser resistente, leve, portátil e ajustável, de forma a se adaptar às diferentes condições e situações da cena do crime. O tripé deve ter uma cabeça giratória, que permite mudar a posição e o ângulo da câmera, e um nível, que indica se a câmera está alinhada com o horizonte.
- Flash: O flash é a fonte de luz artificial que ilumina a cena do crime e as evidências, quando a luz natural é insuficiente ou inadequada. O flash pode ser integrado à câmera, ou externo, acoplado à câmera ou à parte dela. O flash deve ter uma boa potência, que é a quantidade de luz que ele emite, e que é medida em números guia, como NG 32, NG 50, NG 80, etc.
- O flash deve ter também um bom controle de intensidade, que é a quantidade de luz que ele libera, e que pode ser ajustada de acordo com a distância e a exposição da cena. O flash deve ter ainda um bom controle de sincronização, que é o momento em que ele dispara, e que pode ser sincronizado com o obturador da câmera, ou com um sensor de luz. O flash deve ter também um bom controle de direção, que é o ângulo em que ele aponta, e que pode ser alterado de acordo com a posição e o efeito desejado.
Iluminação
A iluminação é outro fator essencial para a realização de uma boa fotografia forense, pois ela pode influenciar na qualidade e na fidelidade das imagens capturadas. A iluminação deve ser adequada ao tipo e ao objetivo da fotografia forense, e deve estar em harmonia com as condições e as características da cena do crime e das evidências.
A iluminação pode ser classificada em:
- Luz natural: A luz natural é a luz proveniente do sol, da lua, das estrelas ou de outros fenômenos naturais. A luz natural é a mais desejável para a fotografia forense, pois ela é a mais fiel e a mais natural, e não altera as cores, as sombras, os brilhos, os contrastes e os detalhes da cena e das evidências. No entanto, a luz natural é variável e imprevisível, e depende de fatores como horário, clima, estação, latitude, altitude, etc.
- A luz natural também pode ser insuficiente ou inadequada, dependendo da localização, da orientação, da obstrução ou da interferência da cena do crime. A luz natural pode ser aproveitada e melhorada com o uso de acessórios, como filtros, que podem corrigir ou alterar as cores, os contrastes e os efeitos da luz; ou refletores, que podem direcionar ou ampliar a luz.
- Luz artificial: A luz artificial é a luz proveniente de fontes criadas pelo homem, como lâmpadas, velas, lanternas, etc. A luz artificial é a mais necessária para a fotografia forense, pois ela pode complementar ou substituir a luz natural, quando esta é insuficiente ou inadequada. A luz artificial também pode ser usada para criar ou realçar efeitos, como sombras, brilhos, contrastes e detalhes, que podem ser relevantes para a fotografia forense.
- No entanto, a luz artificial é variável e imprecisa, e depende de fatores como tipo, potência, temperatura, cor, direção, distância, etc. A luz artificial também pode alterar as cores, as sombras, os brilhos, os contrastes e os detalhes da cena e das evidências, podendo causar distorções, reflexos, ofuscamentos, superexposições ou subexposições nas imagens.
- A luz artificial pode ser controlada e ajustada com o uso de acessórios, como flashes, que podem iluminar a cena e as evidências, de forma rápida e intensa; ou difusores, que podem suavizar ou espalhar a luz.
- Luz refletida: A luz refletida é a luz que é rebatida ou devolvida por uma superfície ou um objeto, após incidir sobre ele. A luz refletida é a mais comum para a fotografia forense, pois ela é a que forma a imagem que é captada pela câmera.
- A luz refletida pode ser proveniente da luz natural ou da luz artificial, e pode ser influenciada pelas características da superfície ou do objeto que a reflete, como cor, textura, forma, ângulo, etc. A luz refletida pode ser aproveitada e modificada com o uso de acessórios, como polarizadores, que podem reduzir ou eliminar os reflexos indesejados, como os de vidros, metais, água, etc.; ou rebatedores, que podem redirecionar ou aumentar a luz.
A iluminação deve ser usada com cuidado e critério, pois ela pode afetar a exposição, o foco, o balanço de branco, o ISO e o formato de arquivo da imagem, e deve ser ajustada de acordo com as necessidades e as possibilidades da fotografia forense.
Técnica
A técnica é outro fator fundamental para a realização de uma boa fotografia forense, pois ela pode garantir a precisão e a confiabilidade das imagens capturadas. A técnica deve seguir uma série de regras e procedimentos que assegurem a integridade e a autenticidade das fotografias, de forma que elas possam ser consideradas como provas válidas e confiáveis em um tribunal.
A técnica pode ser dividida em:
- Planejamento: O planejamento é a etapa que antecede a fotografia forense, e que consiste em definir o tipo, o objetivo, o escopo, o método, o equipamento, a iluminação, a técnica, o armazenamento e a impressão da fotografia forense, de acordo com as condições e as características da cena do crime e das evidências.
- O planejamento deve ser feito com base em um levantamento prévio da cena do crime, que pode ser feito por meio de uma observação, de uma entrevista, de uma documentação ou de uma pesquisa. O planejamento deve ser feito com cuidado e critério, pois ele pode determinar o sucesso ou o fracasso da fotografia forense.
- Execução: A execução é a etapa que realiza a fotografia forense, e que consiste em capturar e registrar as imagens da cena do crime e das evidências, de acordo com o planejamento feito anteriormente. A execução deve ser feita com base em uma sequência lógica e sistemática, que pode ser dividida em três planos: geral, médio e detalhe.
- O plano geral é o que mostra a cena do crime como um todo, e que deve incluir elementos de referência, como placas, ruas, edifícios, etc. O plano médio é o que mostra a cena do crime em partes, e que deve incluir elementos de interesse, como portas, janelas, móveis, objetos, etc. O plano detalhe é o que mostra a cena do crime em pormenores, e que deve incluir elementos de evidência, como marcas, impressões, traços, lesões, etc. A execução deve ser feita com cuidado e critério, pois ela pode determinar a qualidade e a fidelidade das imagens.
- Verificação: A verificação é a etapa que sucede a fotografia forense, e que consiste em conferir e validar as imagens da cena do crime e das evidências, de acordo com o planejamento e a execução feitos anteriormente.
- A verificação deve ser feita por meio de uma visualização, de uma análise, de uma comparação ou de uma correção das imagens. A verificação deve ser feita com cuidado e critério, pois ela pode determinar a integridade e a autenticidade das imagens.
A técnica deve ser usada com cuidado e critério, pois ela pode afetar a resolução, o zoom, o ângulo, a distância, o enquadramento, o foco, a exposição, o balanço de branco, o ISO e o formato de arquivo da imagem, e deve ser ajustada de acordo com as necessidades e as possibilidades da fotografia forense.
Armazenamento
O armazenamento é outro fator importante para a realização de uma boa fotografia forense, pois ele pode preservar a integridade e a autenticidade das imagens capturadas. O armazenamento deve seguir uma série de regras e procedimentos que garantam a segurança e a confidencialidade das fotografias, de forma que elas possam ser conservadas e recuperadas, sem riscos de perda, dano, alteração ou acesso indevido.
O armazenamento pode ser feito por meio de:
- Cartão de memória: O cartão de memória é o dispositivo que armazena as imagens capturadas pela câmera, de forma temporária e portátil. O cartão de memória deve ter uma boa capacidade, que é a quantidade de espaço que ele tem para guardar as imagens, e que é medida em gigabytes, como 8 GB, 16 GB, 32 GB, etc. O cartão de memória deve ter também uma boa velocidade, que é a rapidez com que ele grava e lê as imagens, e que é medida em megabytes por segundo, como 30 MB/s, 60 MB/s, 90 MB/s, etc.
Este artigo foi escrito por : Sérgio Antônio – Fotógrafo Técnico Pericial – SP
Para saber mais : Sessão Fotografia Pericial
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