Intel reiterou que o processador de próxima geração Panther Lake começará a ser enviado ainda em 2025, mesmo enquanto a companhia conduz a maior redução de quadro de sua história recente, com meta de chegar a 75 mil funcionários até dezembro do próximo ano.
Roadmap de produtos permanece intacto
Durante a divulgação dos resultados do segundo trimestre de 2025, a empresa informou que o Panther Lake é considerado a principal prioridade para reforçar sua presença em notebooks de consumo e corporativos.
Os primeiros chips devem chegar ao mercado no final deste ano, e variantes adicionais estão programadas para o primeiro semestre de 2026, segundo executivos.
Processo 18A já em produção
O nó de fabricação 18A, base do Panther Lake, entrou em produção e sustentará pelo menos três gerações de produtos para clientes e servidores, informou o diretor financeiro David Zinsner.
A expectativa interna é atingir o pico de volumes apenas no início da próxima década, transformando o 18A em plataforma de longa duração e alto retorno sobre investimento.
Em paralelo, uma versão estendida chamada 18A-P está em desenvolvimento, incorporando as tecnologias RibbonFET e PowerVia. O sucessor 14A segue em fase inicial e deve estrear entre 2028 e 2029, dependendo de compromissos de demanda.
Reestruturação atinge fábricas e empregos
Para financiar o foco em engenharia e clientes, Intel registrou US$ 1,9 bilhão em encargos de reestruturação no trimestre, direcionados à reorganização de operações de manufatura e montagem.
O novo presidente-executivo, Lip-Bu Tan, afirmou que o objetivo é “dimensionar corretamente” a companhia, reduzindo níveis hierárquicos e aumentando eficiência. As demissões somarão milhares de posições até que o quadro atinja 75 mil pessoas no fim de 2025.
No âmbito fabril, o projeto do complexo em Ohio, parcialmente subsidiado pelo CHIPS Act, terá ritmo mais lento. Atividades de montagem e testes serão consolidadas em unidades maiores no Vietnã e na Malásia, substituindo operações menores na Costa Rica.
Planos de expansão na Polônia e na Alemanha foram abandonados, mas a empresa manteve as instalações em Israel, descartando rumores de encerramento.
Tan classificou a rede atual de fábricas como “desnecessariamente fragmentada” e disse que revisará cada investimento antes de aportar novo capital.
Ajustes na estratégia de produto
Entre as diretrizes técnicas, o executivo reconheceu que eliminar o hyperthreading — recurso também chamado de SMT — foi um equívoco que deixou os processadores da companhia em desvantagem competitiva.
A multinacional planeja reintroduzir a funcionalidade para recuperar desempenho em data centers e possivelmente em desktops e laptops.
Outra mudança envolve inteligência artificial: a empresa pretende alinhar hardware, sistema e software em um único portfólio, abandonando a ênfase exclusiva no silício.
Tan avisou que passará a autorizar pessoalmente cada grande tape-out, enfatizando que novos produtos só serão construídos quando houver demanda comprovada dos clientes.
Desempenho financeiro do trimestre
No segundo trimestre, a Intel apurou prejuízo GAAP de US$ 2,9 bilhões, enquanto a receita manteve estabilidade em US$ 12,9 bilhões.
A divisão Client Computing registrou queda de 3 % ano sobre ano, totalizando US$ 7,9 bilhões, apesar da procura contínua pelos processadores Raptor Lake fabricados no nó Intel 7.
Para o terceiro trimestre, a empresa projeta faturamento entre US$ 12,6 bilhões e US$ 13,6 bilhões, intervalo superior às estimativas de analistas de mercado.
Mesmo sob pressão de custos e transição tecnológica, a organização reafirmou que o Panther Lake e o 18A serão os pilares de sua recuperação, enquanto cortes e consolidações buscam restaurar margem e competitividade.