A Tesla divulgou os resultados do segundo trimestre de 2025 com retração nas principais métricas financeiras. A receita automotiva caiu para US$ 16,7 bilhões, valor 16,6% menor do que no mesmo período do ano anterior, quando havia somado US$ 19,9 bilhões.
É o segundo trimestre consecutivo de declínio na receita ligada à venda de veículos, sinalizando perda de fôlego em um mercado cada vez mais competitivo. A empresa também ficou abaixo das projeções de analistas que acompanhavam os números.
Receita automotiva recua pelo segundo trimestre
Somando todas as divisões, a Tesla faturou US$ 22,5 bilhões entre abril e junho, contra US$ 23,3 bilhões um ano antes. No mesmo intervalo, o lucro líquido caiu para US$ 1,17 bilhão, equivalentes a 33 centavos por ação, inferior aos US$ 1,4 bilhão e 40 centavos registrados em 2024.
Com a sequência de resultados fracos, as ações da companhia acumulam baixa de 18% em 2025, pior desempenho entre as grandes empresas de tecnologia listadas em Nova York. O recuo evidencia a pressão sofrida pela montadora fundada por Elon Musk.
O principal indicador operacional, as entregas, também mostrou desaceleração. Foram despachadas 384.122 unidades no segundo trimestre, volume 14% menor em comparação anual. Rivais na China e na Europa vêm avançando com modelos elétricos mais baratos e recheados de recursos avançados.
Concorrência e perda de créditos pesam sobre o balanço
Outra fonte relevante de receita, a venda de créditos regulatórios para outras montadoras, encolheu quase pela metade. O montante caiu de US$ 890 milhões em 2024 para US$ 439 milhões neste trimestre, refletindo mudanças regulatórias nos Estados Unidos que devem reduzir ainda mais essa linha de negócios.
No lado positivo, a divisão de serviços e outras receitas apresentou alta de 17% no lucro bruto. O resultado foi impulsionado pela maior utilização da rede de Superchargers, que ganhou mais de 2.900 novos pontos e registrou expansão de 18% no comparativo anual.
A companhia também informou que o valor de seus ativos digitais subiu para US$ 1,24 bilhão, ante US$ 722 milhões no mesmo período do ano anterior. Apesar disso, o impacto desse incremento foi insuficiente para compensar a deterioração do negócio principal.
Robotáxis e robôs ganham espaço no discurso da empresa
Diante da queda nas vendas, Elon Musk tem reforçado projetos de longo prazo. Desde junho, a Tesla testa em Austin, no Texas, um serviço de robotáxis com motorista de segurança a bordo, limitado a usuários selecionados. A intenção é expandir gradualmente para outras cidades dos Estados Unidos.
O executivo também mantém expectativas elevadas em relação ao robô humanoide Optimus, que segundo ele poderá atuar em fábricas ou até como babá. Analistas do Bank of America, contudo, avaliam que esses projetos devem gerar impacto financeiro limitado no curto prazo, mantendo a venda de carros como principal desafio.
Mesmo com as iniciativas em mobilidade autônoma e robótica, a empresa segue pressionada pela desaceleração global da demanda por veículos elétricos. Incentivos governamentais menores, juros elevados e maior oferta de modelos rivais afetam o ritmo de expansão observado nos anos anteriores.
Para discutir os resultados e apresentar o plano de ação, executivos da companhia realizarão ainda hoje uma teleconferência com analistas. O mercado acompanhará de perto possíveis ajustes na estratégia comercial, cortes de custos e o cronograma de novos produtos.
A Tesla continua a liderar o segmento de carros elétricos em volume nos Estados Unidos, mas o cenário competitivo mais acirrado e a redução de margens alertam investidores sobre os riscos de curto e médio prazo. A capacidade da montadora de equilibrar investimentos em inovação com rentabilidade imediata permanece no centro das atenções.