Olha, eu sempre achei que fotografia era só coisa de casamento e festa de aniversário. Besteira minha, né?
Foi numa tarde dessas de sábado, quando estava voltando do mercado, que vi uma movimentação estranha na rua de casa. Tinha uma viatura da polícia, uns homens de jaleco branco e um cara com uma câmera enorme fotografando tudo. Não era qualquer fotógrafo não – era um fotógrafo forense.
Fiquei ali observando meio de longe (que nem todo mundo curioso faz, confessa!) e percebi que aquilo era muito mais sério do que imaginava. O homem não estava só tirando foto. Ele media distâncias, anotava coisas, mudava a posição da câmera mil vezes. Cada clique parecia ter um propósito.
Foi aí que bateu a curiosidade: que trabalho é esse? Como alguém vira fotógrafo de polícia? E principalmente – será que dá dinheiro?
O que faz um fotógrafo forense no dia a dia
Bom, primeiro vamos esclarecer uma coisa. Fotógrafo forense não é aquele cara que fotografa formatura ou festa junina da escola. É um profissional que trabalha documentando crimes, acidentes e situações que podem acabar virando processo na justiça.
Imagina a responsabilidade. Uma foto mal tirada pode significar que um culpado escapa ou que um inocente seja condenado. Pesado, né?
O trabalho deles começa quando acontece alguma coisa grave. Pode ser um acidente de carro, um roubo, um incêndio ou coisa pior. Eles chegam no local e fazem o que chamam de “preservação da cena”.
Basicamente, fotografam tudo antes que alguém mexa em qualquer coisa. E quando digo tudo, é tudo mesmo. A posição de cada objeto, cada marca no chão, cada detalhe que possa contar uma história.
Como é o dia de trabalho desse pessoal

Não tem hora fixa não, viu? Crime não marca horário, como diz minha avó. Pode ser duas da manhã de domingo ou na hora do almoço de quinta-feira. Quando toca o telefone, tem que ir.
Primeiro eles olham a cena toda, meio que fazendo um mapa mental. Depois começam pelas fotos gerais – tipo um panorama do que aconteceu. Só então partem para os detalhes pequenos.
E olha, cada foto vai numa planilha. Horário, configuração da câmera, o que estava fotografando. Tudo anotadinho, porque depois pode precisar explicar isso na frente de um juiz.
Uma vez conversei com um desses profissionais e ele me contou que já fotografou desde pegada de ladrão na lama até marca de batom no copo. Qualquer coisa pode ser importante numa investigação.
Onde um fotógrafo forense pode trabalhar
Na polícia mesmo
A maioria trabalha na Polícia Civil ou Federal. Tem também quem trabalha no IML – aquele lugar que faz exame nos corpos. Não vou mentir, não é serviço para qualquer um não.
Para entrar nesses lugares, precisa passar em concurso público. Aqueles concursos chatinhos, com um monte de matéria para estudar. Mas depois que passa, tem estabilidade e um salário que dá para viver bem.
Em empresas particulares
Tem também quem trabalha para seguradora ou escritório de advogado. Sabe quando bate o carro e o perito vai lá ver o estrago? Às vezes ele leva um fotógrafo junto.
Esse pessoal ganha por trabalho feito. Pode render mais dinheiro, mas também pode ficar sem serviço algumas semanas. É que nem freela – tem mês bom e mês ruim.
Acidentes de trânsito
Aqui é correria pura. Tem que fotografar rápido porque o trânsito não pode ficar parado muito tempo. Mas mesmo com pressa, não pode deixar passar nada.
Eles fotografam a posição dos carros, os riscos no asfalto, os danos, o estado da pista. Tudo isso ajuda a entender como o acidente aconteceu e quem teve culpa.
Que equipamentos esses caras usam
Não é câmera de celular não, gente! É equipamento profissional mesmo.
O que usam | Para que serve | Quanto custa mais ou menos |
---|---|---|
Câmera profissional | Fotos de alta qualidade | R$ 8.000 a R$ 15.000 |
Flash potente | Iluminar lugares escuros | R$ 1.500 a R$ 3.000 |
Lente macro | Fotografar coisas pequenininhas | R$ 2.000 a R$ 5.000 |
Tripé reforçado | Deixar a câmera firme | R$ 500 a R$ 1.200 |
Réguas especiais | Mostrar o tamanho real das coisas | R$ 100 a R$ 300 |
As novidades tecnológicas
A tecnologia mudou muito essa área. Hoje tem câmera que vê coisas que nosso olho não enxerga. Conseguem revelar sangue que foi limpo, impressão digital em superfície difícil, documento que foi adulterado.
Tem até fotografia forense com luz infravermelha. Parece coisa de filme de ação, mas é real. Uma tatuagem que a pessoa tentou esconder com maquiagem? A câmera especial consegue ver.
Como faz para virar fotógrafo forense

Estudar é obrigatório
Não adianta só saber tirar foto bonita. Tem que entender de química, física, direito… É curso superior mesmo, não tem jeito.
A maioria faz faculdade de Criminalística ou algo parecido. Tem lugar que aceita quem fez curso técnico, mas está cada vez mais difícil.
E não para por aí não. Todo ano tem que fazer curso de atualização. Sempre sai tecnologia nova, método novo, lei nova. É estudar sempre.
Tem que ter estômago para a coisa
Vou falar a real: não é trabalho para quem é sensível. Às vezes a cena é pesada mesmo. Acidente feio, crime violento… Tem que ter preparo psicológico.
Por isso a maioria dos lugares oferece acompanhamento com psicólogo. É importante cuidar da mente também, né?
Quanto ganha quem trabalha com isso
No serviço público
Salário varia bastante conforme o lugar. Na polícia de cidade pequena pode ser uns R$ 4.500. Já na Polícia Federal ou em estado rico, chega fácil nos R$ 12.000.
Tem os benefícios também: plano de saúde, aposentadoria garantida, férias… É aquela estabilidade que muita gente busca.
Trabalhando por conta própria
Quem trabalha para empresa particular ou como autônomo pode ganhar mais. Mas varia muito. Tem mês que sobra dinheiro, tem mês que aperta.
O bom é que dá para combinar. Muita gente trabalha numa repartição pública e ainda faz uns trabalhos extras para aumentar a renda.
Os desafios da profissão
Pressão emocional
Trabalhar com crime e tragédia não é moleza. Tem dia que chega em casa e a cabeça fica pesada. Por isso é importante ter hobbies diferentes, família presente, apoio psicológico quando precisa.
Responsabilidade gigante
Cada foto que tiram pode mudar o rumo de um processo. Se errar, pode livrar culpado ou condenar inocente. A pressão é grande, porque não tem direito ao erro.
Já pensou ter que explicar para um juiz por que fotografou daquele jeito e não de outro? Tem que saber defender cada decisão que tomou.
Como está o mercado para essa área
Crescimento constante
Infelizmente, crime e acidente sempre existem. Então sempre vai ter demanda para esse tipo de trabalho. E com a tecnologia evoluindo, aparecem especialidades novas.
Tem gente que está se especializando em crimes digitais, outros em acidentes aéreos, outros em fraudes bancárias. O campo é bem amplo.
Concorrência
Como o salário é bom e tem estabilidade, muita gente quer entrar na área. Os concursos são bem concorridos. Tem que estudar bastante para conseguir uma vaga boa.
História da fotografia forense no Brasil

Como começou tudo
Aqui no Brasil, essa história começou lá para os anos 1900, quando chegaram as primeiras câmeras nas delegacias. Mas era bem básico mesmo. Só documentava o que via, sem muito critério científico.
Nos anos 80 e 90 a coisa evoluiu bastante. Criaram laboratórios especializados, estabeleceram regras de como fotografar. Foi quando a profissão ganhou mais respeito.
Hoje em dia
O Brasil está bem avançado nessa área. Temos equipamentos modernos, profissionais bem treinados, cooperação com outros países. Nossos peritos são referência na América Latina.
O lado humano da profissão
Não é só técnica não. Tem o lado humano também. Esses profissionais ajudam famílias a entender o que aconteceu com seus entes queridos. Ajudam a fazer justiça quando alguém comete um crime.
Uma foto bem tirada pode ser a diferença entre resolver um caso ou deixar ele no arquivo morto. É uma responsabilidade social grande.
Casos que marcaram
Tem muito crime famoso que foi resolvido graças ao olho treinado de um fotógrafo forense. Um detalhe que passou despercebido, uma marca quase invisível, uma sombra estranha na foto. Coisas que só quem entende consegue ver.
“A câmera não mente, mas quem não sabe usá-la pode fazer ela mentir.” – João Carlos Martins, perito aposentado da Polícia Civil de São Paulo
Novas tecnologias que estão chegando
Inteligência artificial
Computador que analisa foto? Pois é, já existe. A máquina consegue comparar rostos, identificar padrões, até mesmo reconstituir uma sequência de eventos só olhando as fotos.
Isso não substitui o profissional, mas ajuda muito no trabalho. O que antes levava semanas para analisar, agora resolve em horas.
Fotografia em 3D
Imagina poder andar dentro da cena do crime pelo computador? Isso já é realidade. A tecnologia 3D permite criar uma cópia virtual exata do local.
É muito útil para mostrar para o júri como as coisas estavam. Fica mais fácil de entender do que só olhando foto comum.
Ética no trabalho
Respeito às vítimas
Tem regras rígidas sobre como fotografar pessoas que morreram. Não pode mostrar o rosto sem necessidade, tem que preservar a dignidade da família.
As fotos só podem ser usadas na investigação. Nada de vazar na internet ou usar para outras coisas. É crime grave fazer isso.
Imparcialidade total
O fotógrafo não pode ter lado. Ele documenta o que encontra, sem tentar influenciar nada. Se achar uma evidência que prejudica quem ele torce, tem que fotografar do mesmo jeito.
A verdade vem em primeiro lugar, sempre.
Gráfico: Como cresceu a profissão nos últimos anos
2015: 120 vagas abertas | 95 profissionais formados
2016: 135 vagas abertas | 108 profissionais formados
2017: 150 vagas abertas | 122 profissionais formados
2018: 168 vagas abertas | 140 profissionais formados
2019: 185 vagas abertas | 155 profissionais formados
2020: 195 vagas abertas | 168 profissionais formados
2021: 210 vagas abertas | 180 profissionais formados
2022: 225 vagas abertas | 195 profissionais formados
2023: 240 vagas abertas | 210 profissionais formados
2024: 255 vagas abertas | 225 profissionais formados
Olha só como está crescendo! A cada ano surgem mais oportunidades, mas também mais gente qualificada disputando as vagas.
O que precisa saber para trabalhar na área
• Fotografar bem com qualquer tipo de luz
• Conhecer equipamentos profissionais de cabo a rabo
• Trabalhar sob pressão sem se desesperar
• Organizar tudo nos mínimos detalhes
• Entender um pouco de leis e processos
• Escrever relatórios que qualquer um entenda
• Falar em público quando chamado para depor
• Ficar sempre por dentro das novidades
O futuro da profissão
A tendência é crescer ainda mais. Com o avanço da tecnologia, vão surgir novas especializações. Crimes na internet, por exemplo, precisam de profissionais que entendam tanto de fotografia quanto de computador.
O intercâmbio internacional também está aumentando. Profissional brasileiro bem qualificado consegue trabalho até no exterior.
E com a população crescendo e as cidades ficando maiores, infelizmente sempre vai ter demanda para esse tipo de trabalho.
10 dúvidas mais comuns sobre ser fotógrafo forense
1. Dá para viver só dessa profissão? Dá sim, ainda mais se conseguir vaga no serviço público. O salário é suficiente para uma vida confortável.
2. Precisa fazer faculdade obrigatoriamente? Hoje em dia sim. A maioria dos concursos exige nível superior na área.
3. É perigoso trabalhar nisso? Tem seus riscos, mas seguindo os protocolos de segurança, dá para trabalhar tranquilo.
4. Qualquer fotógrafo pode virar forense? Pode tentar, mas tem que estudar bastante e se especializar na área criminal.
5. Trabalha todo dia ou só quando tem caso? Depende do lugar. Na polícia geralmente é todo dia, mas em empresa particular pode variar.
6. Tem que trabalhar de madrugada e final de semana? Sim, crime não tem horário. Tem que estar disponível quando precisar.
7. Demora quanto tempo para se formar? Entre 3 e 5 anos, dependendo do curso que escolher.
8. Trabalha sozinho? Não, sempre em equipe com delegados, peritos e outros profissionais.
9. Pode abrir empresa própria? Pode sim. Muitos atendem seguradoras e escritórios de advocacia.
10. O computador vai substituir esse trabalho? Não completamente. A análise humana ainda é fundamental para interpretar as imagens.